quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Les Trois Montagnes, Guache sur toile, 2008.




As Três Montanhas é um presente para Fernanda. Sobre a minha incapacidade de fazer o seu retrato, decidi mudar o motif e fazer algo meu, que representasse algo para mim. Inspirado em um dos meus favoritos Fauves – Maurice de Vlaminck -, que por sua vez se inspirou em Van Gogh. O quadro de cima, de Vlaminck, Le Cultivateur, com cores mais fortes e vivas e traços mais marcantes, inspirados nos traços em vírgula, técnica amplamente desenvolvida por Van Gogh. Vlaminck é o Fauve que usa as cores com maior agreção, traços fortes e decididos, cores puras, sem mesclas, exatamente como saem do tubo de tinta. Já o quadro de baixo, Champ de blé avec um faucher, tem suas cores mais suaves, porém traços bem decididos e sem preocupação por detalhes, caracterísitca marcante em Van Gogh; as cores do campo são tão forte que inclusive se sobressaem ao sol, deixando assim o cultivador um pouco escondido; já no quadro de Vlaminck, o cultivador é mais evidente; ambos, demonstrando assim, como as atividades de pessoas simples são sempre inspirações importantes na escolha do motif. Minha tentativa foi de fazer uma mescla dos dois quadros. Primeiramente acredito em haver cometido um erro de equilíbrio de cores quando pintei o campo, foi a primeira parte a ser pintada (descoberta: a primeira parte do quadro a ser pintada será sempre a mais difícil para encontrar o equilíbrio, obviamente devido à falta de referências prévias de cores). Segundo, o lago faltou perspectiva e experiência na hora da pintura, sendo assim, como um bom humor de todo bom Fauvista, nomeei o quadro como as Três Montanhas, visto que o lago se parece mais com uma montanha; mas não deixa de ser um lago. “Não é porque pinto de azul que quero dizer céu, nem porque pinto de verde que quero dizer grama; o marrom, não precisa ser um caule, e o amarelo, não significa sol.”, um lago mesmo que se pareça uma montanha, não deixa de ser um lago; melhor dizendo, um lago que se parece uma montanha, se torna uma montanha (realidade e representação, são duas coisas que não necessitam ligação). Devo ser inspirado por motifs populares: lixeiros, mendigos, cadáveres fauvistas (como Organismo I, não tem nada a ver com motifs populares), etc. Meu cultivateur não me parece ruim, é tão fauve como o de Vlaminck; o que não gostei foi o contraste do marrom de sua ferramenta com o vermelho do campo; afinal de contas, marrom nem faz parte das seis cores puras. O céu, com as pinceladas no sentido de vírgulas, ficou interessante; assim como o céu do quadro Vue de La Maison de Eduardo a Rainha do Mar, a pintura em vírgula dá o movimento ao quadro, porém falta movimento em todo o resto do quadro, embora as montanhas não tenham ficado tão mal, com exceção da montanha-lago.
Próximo quadro, ainda não sei nada, gostaria de pintá-lo no finde, porém mamãe e titia vão chegar, talvez seja uma boa oportunidade para pedir umas tintas para q titia, que é ex-pintora.


p.s. Vue de la maison de Eduardo a Rainha do Mar, fo pintado antes de Les Trois Montagnes.

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